GRUPO
USINA VOLTA EM CARTAZ COM SOLO DE MARAJÓ
Será
a primeira temporada em Belém após a turnê nacional
realizada
no ano passado, quando o espetáculo paraense
foi
aplaudido em 10 cidades de 5 estados brasileiros
O grupo
Usina fará temporada do espetáculo teatral Solo
de Marajó no Teatro Universitário Cláudio Barradas (Jerônimo Pimentel, 546)
nos dias 05, 06 e 07 de agosto, sempre às 20h. A montagem é inspirada na obra
do romancista paraense Dalcídio Jurandir, considerado um expoente do romance
regionalista na Amazônia. Ingressos a R$ 20 (R$ 10 a meia-entrada).
Em Solo de Marajó, o ator paraense Claudio
Barros narra, sozinho sobre um palco vazio, oito pequenas histórias extraídas
do romance Marajó, o segundo de uma
saga em dez volumes do escritor paraense intitulada Ciclo Extremo Norte, cuja
densidade e fôlego ombreia com a produção romanesca de grandes nomes da
literatura moderna brasileira.
A
encenação é ousada ao assumir o palco nu para valorizar o papel do ator como
contador de histórias. Mas é justamente esta escolha que potencializa a força
da prosa dalcidiana. Em cena, a palavra é colocada sobre uma detalhada
partitura corporal, fruto de pesquisa sobre as histórias de vida do ator e a
partir da observação do corpo de pessoas que habitam o ambiente da vida rústica
na Amazônia, o mesmo sobre o qual a obra se funda.
Os temas
das narrativas vão desde questões de cunho social, como racismo, exploração do
trabalho, tráfico de crianças e prostituição, até o universo íntimo das
relações amorosas, recheadas de paixão, dor, solidão, ciúme e vingança. Esta
visão multifacetada do autor levou os criadores a uma dramatugia que não se
preocupa em dar conta da fábula romanesca, mas acaba por construir um mosaico
capaz de representar as relações humanas na Amazônia.
Criado em
2009, o espetáculo marca a primeira incursão do encenador Alberto Silva Neto no
universo da literatura dalcidiana pensada para a cena. Mas já no ano seguinte,
premiada pela Funarte, a Usina realizaria, também sob sua direção, a montagem Eutanázio e o princípio do mundo, desta
vez inspirada em Chove nos campos de
Cachoeira – primeiro romance de Dalcídio, publicado em 1941, depois de
conquistar o primeiro lugar no concurso literário nacional promovido no RJ pelo
Jornal Dom Casmurro e pela Editora Vecchi.
Marajó pelo Brasil
- Além de várias
temporadas realizadas em Belém nos últimos oito anos, Solo de Marajó realizou, em 2012, uma turnê por cinco cidades da
Ilha de Marajó. Também fez duas apresentações na cidade de São Paulo, em 2010 e
2014, e temporadas em diversos espaços cênicos no Rio de Janeiro, em 2015.
No mesmo
ano, o Usina realizou a turnê nacional Solo
de Marajó nos solos de outros brasis, agraciada pela Funarte com o prêmio
Myriam Muniz, circulando por 10 cidades de 5 estados brasileiros diferentes,
que foram berço de outros grandes romancistas brasileiros: o Rio Grande do Sul
de Érico Veríssimo, o Ceará de Raquel de Queiroz, as Alagoas de José Lins do
Rego, a Paraíba de Graciliano Ramos e a Bahia de Jorge Amado.
Solo de Marajó tem ainda dramaturgia de Alberto Silva Neto, Claudio
Barros e Carlos Correia Santos, iluminação de Alberto Silva Neto, fotos de JM
Conduru e Elói Corrêa e produção de Sandra Conduru.
O autor
Nascido na
vila de Ponta de Pedras, na Ilha de Marajó, em 10 de janeiro de 1909, Dalcídio
Jurandir Ramos Pereira foi jornalista e escritor. Passou a infância no
município vizinho de Cachoeira do Arari e logo depois mudou-se para Belém. Foi
para o Rio de Janeiro pela primeira vez em 1928, com apenas 19 anos, onde até lavou
pratos para sobreviver. Ainda voltou ao Pará algumas vezes mas viveu no Rio até
morrer, no dia 16 de junho de 1979.
A maior
saga da literatura amazônica foi publicada por Dalcídio entre 1941 e 1978,
apenas um ano antes de sua morte. Segundo o crítico Benedito Nunes, para quem a
obra do marajoara funda a paisagem urbana na literatura amazônica, os dez
romances (além destes, ele ainda escreveu Linha
do Parque, de temática
proletária e publicado no RS) integram
um único ciclo romanesco, quer pelos personagens e as relações que os
entrelaçam, quer pela linguagem que os constitui, num percurso que vai desde
Cachoeira até Belém, criando uma radiografia tanto do ambiente rural na
Amazônia quanto da periferia da capital paraense.
Apesar de
ser frenquentemente enquadrada na segunda fase do modernismo brasileiro,
caracterizada sobretudo pelo regionalismo e pela denúncia social, a obra de
Dalcídio ultrapassa toda forma de enquadramento. Do ponto de vista formal e
estilístico, a prosa dalcidiana explora elementos da narrativa moderna, como as
quebras com a linearidade espaço-temporais, uso da técnica do fluxo de
consciência para realçar a densidade psicológica dos personagens ou a projeção
de sentimento na descrição da paisagem.
Em 1972, Dalcídio
Jurandir recebeu da Academia Brasileira de Letras o prêmio Machado de Assis,
pelo conjunto de sua obra, entregue em suas mãos por Jorge Amado. Naquela oportunidade,
o romancista baiano declarou que o romancista paraense “trabalha o barro do
princípio do mundo do grande rio, a floresta e o povo das barrancas, dos
povoados, das ilhas, e o faz com a dignidade de um verdadeiro escritor, pleno
de sutileza e de ternura na análise e no levantamento da humanidade paraense,
amazônica, da criança e dos adultos, da vida por vezes quase tímida ante o
mundo extraordinário onde ela se afirma”.
Os criadores da cena
Claudio
Barros, 51 anos, começou no teatro em 1976 e tornou-se um dos mais notáveis
atores paraenses de sua geração, com passagem por grupos importantes na cena
contemporânea local como Experiência (onde integrou o elenco original de Ver de Ver-o-Peso, famosa ópera cabocla,
há mais de 30 anos em cartaz), além de Cena Aberta e Cuíra do Pará, do qual é
um dos fundadores. Desde 2009, integra o núcleo de criação da Usina
Contemporânea de Teatro, atuando em Solo
de Marajó.
Alberto
Silva Neto, 45 anos, começou no teatro em 1987. É ator, encenador e professor
da Escola de Teatro e Dança da Universidade Federal do Pará (UFPA). Nos últimos
dez anos, dirige as criações da Usina Contemporânea de Teatro, com ênfase numa
cena que explora uma poética amazônica inspirada nos modos de vida do povo caboclo
(fruto da miscigenação entre índios e brancos) a partir da figura do ator como contador
de histórias.
Série Extremo-Norte
• Ponte
do Galo, Editora Martins/MEC (1971)
• Belém
do Grão-Pará, Publicações Europa-América (1975) Edição Portuguesa
• Chove
nos Campos de Cachoeira, 2ª Edição, Editora Cátedra (1976)
• Os
Habitantes, Editora Artenova (1976)
• Chão
dos Lobos, Editora Record (1976)
• Marajó,
2ª Edição, Editora Cátedra/MEC (1978)
• Ribanceira,
Editora Record (1978)
Série Extremo-Sul
• Linha
do Parque, Editora Vitória (1959)
• Linha
do Parque, Editora Russa (1962) Edição Russa
Publicações póstumas
• Passagem
dos Inocentes – Editora Falângola (1984)
• Linha
do Parque – Editora Falangola (1987)
• Chove
nos Campos de Cachoeira – Editora Cejup (1991, 1995 e 1997 (com o Jornal
Província do Pará))
• Marajó
– Editora Cejup (1991 e 1992)
• Três
casas e um Rio – Editora Cejup (1991 e 1994)
• Chove
nos Campos de Cachoeira – Edição Crítica de Rosa Assis – Editora da Unama
(1998)
• Belém
do Grão-Pará – Editora Edufpa/Casa de Rui Barbosa (2005)
• Marajó
– Editora Edufpa/Casa de Rui Barbosa (2008)
• Primeira
Manhã – Eduepa (2009)
• Chove
nos Campos de Cachoeira (Nova e definitiva edição com "texto inteiramente
revisto, corrigido, reestruturado e amplamente emendado pelo autor, de próprio
punho") – Editora 7 Letras (2011)
Conheça mais sobre Dalcídio Jurandir no site www.dalcidiojurandir.com.br
SERVIÇO: Espetáculo teatral Solo de Marajó, do grupo paraense Usina. Com
Claudio Barros. Direção: Alberto Silva Neto. Dias 05, 06 e 07 de agosto, às
20h, no Teatro Universitário Claudio Barradas (Av. Jerônimo Pimentel, 546, entre D.
Romualdo Coelho e D. Romualdo de Seixas). Ingressos: R$ 20 (R$ 10 a
meia-entrada).
Maiores informações e agendamento de
entrevistas:
Olá!
ResponderExcluirEstá em curso uma campanha de financiamento coletivo para reeditar um dos livros do Dalcídio, o mais raro hoje, chamado Ponte do Galo.
O link da campanha é: http://www.catarse.me/ponte_do_galo
Agradeço pela ajuda na divulgação da obra de Dalcídio e peço que divulgue, se possível.
Desde já, agradeço!